Deadpool 2

Há 2 anos o famigerado mercenário tagarela chegava às telas com uma aventura solo que trazia uma nebulosa desconfiança acerca de sua qualidade, visto que sua aparição anterior, em X-Men: Origens – Wolverine, foi um fracasso. Traumas superados, a sequência óbvia já chega aos cinemas brasileiros causando polêmica sendo proibida para menores de 18 anos.
A receita para essa continuação é simples: basta pegar todos os elementos que funcionaram no anterior e trazer de volta. Bem como novas piadas e uma história que leve nossos personagens a um desenvolvimento, mínimo que seja. Embora tamanha simplicidade, Deadpool 2 se mostra preocupado em dar seu melhor dentro da fórmula estipulada e não economiza nas gracinhas. O filme é uma metralhadora de piadas e referências a cultura pop, não apenas descarregando qualquer coisa sobre o público, mas escolhendo bem os assuntos aos que faz paródias. Ryan Reynolds, provando mais uma vez que está no papel da sua vida, é creditado também como roteirista e fica clara sua identificação com o personagem. O protagonista brilha e carrega o filme nas costas enquanto se diverte como nunca na tela.
Fazer humor é uma arte extremamente relativa, afinal cada pessoa tem seu próprio senso de achar graça. Partindo, porém, do pressuposto de identificação com o primeiro Deadpool, a diversão com essa nova aventura é garantida. As risadas acompanham o longa do início ao fim, mesclando momentos de boas sacadas, situações ridículas ou absurdas, fisicalidades ou as já citadas referências que, diga-se, são sempre inteligentes e fazem ótimas ligações tanto com o universo da música quanto com outras franquias famosas do cinema, entre outras coisas. Nesse âmbito, a sequência consegue atingir o feito de ser maior e superar o original de 2016.
Imerso na proposta do filme, a única ressalva possível fica por conta do roteiro. É clara a despreocupação com um maior polimento da história, inclusive criticada pelo próprio personagem algumas vezes durante a projeção, mesmo que seja mais uma forma de piada. A narrativa é boa e consegue manter os espectadores fiéis a trama, só não mascara a pobreza de alguns aspectos essenciais como a falta de profundidade de alguns coadjuvantes. Morena Baccarin é um exemplo de redução de espaço na trama, ficando subutilizada. A maior decepção, entretanto, é o esperado Cable, vivido por Josh Brolin. Seu viajante do futuro é unidimensional, tem quase nenhuma história de fundo e pouco acrescenta realmente, ainda que tenha uma boa caracterização e boas cenas de ação.
Trazendo muita violência, palavrões, tiradas sensacionais e cenas viscerais, Deadpool 2 não é sinônimo de inovação como seu predecessor, mas certamente é tão bom quanto. Muito disso graças ao diretor David Leitch, ótimo em filmar ação como já mostrado em John Wick e Atômica. Impossível não mencionar, também, que a abertura no melhor estilo 007 e a cena pós créditos são umas das coisas mais legais dos últimos tempos. Meio a tantos filmes de super heróis que procuram pela mesmice, o mutante imortal faz valer cada minuto das quase duas horas de um respiro de ar puro nesse universo cinematográfico.