A Torre Negra
Sendo uma das obras mais elaboradas da carreira do grande escritor Stephen King, A Torre Negra conta com mais de 4 mil páginas escritas com uma riquíssima história cheia de detalhes que criam um multiverso do autor em uma série de livros. O desafio, então, fica por conta de criar uma adaptação de tamanha complexidade em apenas 95 minutos de tela.
A premissa logo desperta interesse. Uma torre, que dá nome ao filme, é o centro e a proteção de infinitos universos que vão da Terra em que conhecemos, até mundos de faroeste, monstros horripilantes e robôs gigantes. Assim como a quantidade de mundos, as possibilidades são ilimitadas, bem como o longa insinua em seu início promissor. Mesmo sendo uma mistura de resumo e continuação dos livros de King, a história começa dando um bom escopo da situação geral e foca a apresentação em Jake (Tom Taylor), garoto do nosso mundo que tem sonhos com a Torre, bem como com o seu guardião e com o antagonista da trama.
A medida que os conceitos são apresentados, a trama vai se desenhando. Algumas noções são dadas com rápidas pinceladas, já as mais importantes para o seguimento do roteiro são exploradas mais a fundo. Infelizmente, fica a impressão de que a escolha para tal separação sobre o que é importante ou irrelevante acaba deixando de fora muitas concepções que atrairiam mais o público, optando pelo aprofundamento do básico, do genérico. O roteiro, sem complexidade alguma, opta por soluções simples para suas problemáticas que parecem apenas servir para direcionar a história para o ato final.
O garoto Jake funciona bem como condutor da trama e tem um arco mais bem desenvolvido. Já os personagens de Idris Elba e Matthew McConaughey são os menos aprofundados. As atuações são boas e cumprem seus papéis, mesmo com a canastrice de McConaughey e seu Homem de Preto. O roteiro, porém, os coloca como clássicos personagens dicotômicos, verdadeiras encarnações do bem e do mal, antagonistas perfeitos, sem espaço para camadas de personalidade que ajudem a criar empatia. Dessa forma, ao invés de apresentar crescimento evolutivo, o filme acaba, mais uma vez, optando pela simplicidade do comum, generalizando seus conceitos em boas cenas de tiroteio com o Pistoleiro de Elba, mas com efeitos visuais nem sempre atrativos. A falta de uma identidade visual e narrativa, como era esperada com as promessas do próspero início, causa certa desconexão emocional ao final.
Com tantas possibilidades e contando com a riqueza dos livros, A Torre Negra abre mão de seu grande potencial apostando em cenas e, principalmente diálogos, sem inspiração, visual preguiçoso e amontoados de bons conceitos mal explorados. É leve e divertido, mas sem força para ser lembrado em listas de filme de ação ou fantasia.