Annabelle 2: A Criação do Mal
Após a forte estreia de Invocação do Mal (2013), que revitalizou o gênero de terror no cinema graças a visão do diretor James Wan, era natural se esperar que a produtora beberia muito mais dessa fonte de dinheiro. Assim nasceu o spin-off Annabelle que, devido ao sucesso, deixou de ser apenas um derivado para ganhar escopo de universo expandido da franquia.
Apesar de o título brasileiro carregar o número 2, indicando uma continuação do primeiro, no original temos apenas Annabelle: Creation, indicando melhor a trama de prelúdio do longa. A ideia é contar a origem da boneca amaldiçoada mostrando o que levou a sua possessão. O que, de fato, é rapidamente mostrado, já que o verdadeiro foco fica nas personagens que conduzem o filme.
Na história, a família dos Mullins sofre com a trágica perda da filha, Annabelle e, após 12 anos de luto, resolve abrigar em sua casa as órfãs de um orfanato da cidade. As personagens são rasas e se apoiam em personalidades pré-determinadas pelos clichês cinematográficos para terem desenvolvimento menos elaborado em tela, o que acaba sendo um padrão em filmes de terror/susto. O primeiro ato do longa tem uma ótima apresentação de atmosfera construída pelo diretor David. F. Sandberg, utilizando uma fotografia muito bem executada que, com eficiência e muitos elementos em cena, é responsável pela criação da tensão primária, naqueles momentos em que ainda não sabemos quando as coisas vão, realmente, acontecer.
E quando as coisas acontecem… A decepção acompanha. O desenrolar da história é altamente previsível, tornando o roteiro apenas uma narrativa para justificar as várias cenas de susto sucessivas que, a propósito, ficam demarcadas demais pela trilha sonora, ou ausência dela, indicando exatamente quando podemos esperar pelos famosos jump scares – momentos em que, de repente, algo aparece em tela acompanhado de um barulho ensurdecedor).
Mostrando-se como um horror clássico, que se apoia no visual, com cenas fortes para gerar medo ao invés de apostar em um terror mais psicológico, o filme é uma evolução se comparado com a primeira história da boneca no longa anterior. Ainda assim, deixa de lado vários personagens da trama que ficam esquecidos até que seja conveniente para o roteiro reapresenta-los. O que fica é, apenas, a sensação de uma premissa com boa vontade de entregar sustos no cinema, porém sem força para durar muito tempo na cabeça dos espectadores após fim da projeção.